terça-feira, 5 de agosto de 2008

O sabor-da-cereja



Quanto às cerejas é outra conversa. A cereja, na verdade, tem muito de umbigo, tem muito de assimetria, ainda que ela, em si, faça o esforço por manter sempre a mesma forma. Há anos que a cereja insiste em ser assim, vermelha e redonda. Quando cede a um umbigo, torna-se imprevisível. Seria impensável, que uma cereja soubesse, à partida, o que queria de um umbigo, ainda que ele, no espaço que ocupa, forma de labirinto escuro e sombreado, soubesse já, que a única hipótese para ela, seria cair, com pele, directa, sobre ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

o sabor-da-cereja é o sabor do corpo, transfigurado no beijo. adulterado por ele. na saliva quente que, contra todas as estatísticas, toca o umbigo. abraçando-o, sussurra-lhe a imensidão que dela está nele.