Começo a estranhar, a ana cair-me tantas vezes, nos braços..
ainda que, por desespero, não fosse aos livros que eu voltasse.
Voltava para um dia qualquer.
"A Ana, sempre a Ana.
Um poema, às vezes, não basta
e regressamos onde mais doía ser feliz.
Vejo naquela porta fechada,
no pálido autocolante da Olá
as insígnias do meu túmulo,
da casa breve em que vivia.
Chegava não muito depois do jantar,
geralmente com um livro
que acabava por não ter coragem de abrir
e com o dinheiro contado
para cinco ou seis cervejas
que durassem até à meia-noite.
Depois, atravessava a estrada,
voltava por desespero aos livros.
Estava entre ninguém, no fundo,
Estava entre ninguém, no fundo,
apesar de um ou outro aficionado:
o António Falcão, o Pontével,o indescritível Inácio.
A fina flordo degredo, os quatro que mais bebiam
enquanto a aldeia dormia.
Naquela noite, de que me fiz órfão,
deveria ter dito tudo menos «até amanhã».
E não era assim tão tarde, Ana"
E não era assim tão tarde, Ana"
Manuel de Freitas, in Beau Séjour
1 comentário:
Agora cai-te um link silenciosamente:
http://umapalavraaimagemdosilencio.blogspot.com/
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