domingo, 6 de julho de 2008

Cuts, two ways

A entrada num autocarro, de uma brasileira com uma t-shirt negra, onde surgem inscritas algumas palavras em letras brancas, pode ser imensa.
Principalmente, quando algumas não são apenas algumas. Fé, Esperança, Honestidade, Justiça e outra que os meus olhos já não conseguiram alcançar, pela dimensão das curvas, que impediram, talvez, que pusesse os olhos na quinta palavra. Fica por saber que palavra seria. Na altura ocorreu-me que poderia ser amor.
Ainda me virei para trás, para confirmar se era mesmo real. E ela estava mesmo lá. Sentada no banco, totalmente alheia ao meu olhar e trazendo tudo, estampado no pano da camisola.
Quase lhe disse: que ambição essa que trazes vestida e ela seria perfeitamente capaz de sorrir e de perceber. Havia ali, muito de consciência, de intenção. Dei por mim a pensar na origem daquele pedaço de tecido. O que teria aquela mulher dito, pensado, quando a quis para ela, quando optou por vesti-la. Para quê vesti-la, que comentários fariam, o que pensariam os outros, secretamente, sobre aquilo, sobre as palavras. Tenho quase a certeza, de que aquela mulher dá muito que pensar, quando se veste de verdade.
Só não me questionei sobre o porquê de serem aquelas palavras e não outras.

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