Estava eu de lágrima no olho direito e diz-me ela, a que às vezes também é ana: tu és o género de pessoa que pode ser o que quiser, é como se em ti vivessem todas as possibilidades.
E ainda disse “ti”, com tê maiúsculo.
Na verdade, Catarina-ana, eu disse-me isso uma vez.
Uma para dentro e uma para fora.
Para me ouvir.
Isto tudo, sem perceber bem, o que é ter todas as possibilidades ou ter apenas uma e o que é estar dentro de nós, melhor, o que é termos alguma coisa dentro, além do que deverá ser, concretamente, ter dentro um filho.
Eu dispenso os estilos, os mil olhos, as mil caras, as mil maneiras como me posso dar, as mil mulheres, meninas, crianças, pessoas, sombras que represento.
Eu só tenho um cão, não tenho muitos. Como é que posso ser tanta coisa e ver sempre o mesmo cão?
Só se as possibilidades forem truques de magia.
Não tenho como alimentar cartolas.
Estender-me na relva a olhar para o céu.
Que plano complicado.
Não encontro relva e não me consigo estender.
terça-feira, 24 de junho de 2008
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