
E como para mim, a puta é uma criança a falar dela mesma, vê-la agachada num ninho de amor no meio da mata ou à espera de deus, numa berma de estrada, é o mesmo que vê-la baloiçar-se, com fé, sem dúvidas nenhumas, num qualquer jardim da periferia.
A ideia de puta nunca foi, unicamente, a da puta-corpo, da mulher que faz por se amar sozinha com os outros, mas também como aquilo que existe de mentira nas coisas, de impossibilidade, como o modo natural de uma coisa ser, das coisas acontecerem, pode ser também, uma puta melancólica.
Olhei sempre de frente para o monstro, para aquele que se esconde, na culpa daquilo que sabe não poder ser, daquele que tem o mal, sem ser maldito, aquele que todos sabem existir, mas que ninguém aceita ver, em que ninguém acredita, porque não se dá a pensar, não se mostra, descobre-se, e que por isso, pode ser quase belo, também. O vampiro chegou através beijo, de uma forma de beijo, de uma forma de amar, que segue o sangue e não pode ser mais forte do que aquilo que simboliza. Segue o sangue, bebe o sangue, e assim, consegue ser-se no outro que segue, que sacrifica. Eu sacrifico-te, para podermos ser pela eternidade ou como é que o romantismo se confunde com o horror..
Da mesma forma, ela, aquela em que o amor se supera, a puta, consegue ser-se, no outro que segue, que beija.
Eu sacrifico-te, para podermos ser pela eternidade, dirá também, enquanto acredita que está a ser em alguém.
Aqui, onde vou tentar escrever, o vampiro será sempre vampiro, mas a puta pode ser sempre, outra coisa qualquer.
Aqui, onde vou tentar escrever, o vampiro será sempre vampiro, mas a puta pode ser sempre, outra coisa qualquer.
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